Como diferenciar os fonemas? (Parte 2) Tonicidade das sílabas

     Encontro Consonantal: duas consoantes seguidas, na mesma sílaba (caso de sílabas com r ou l) ou em sílabas diferentes. Encontros consonantais em início de sílaba não se separam, por exemplo pneu, psi-có-lo-go, abs-tra-ir, subs-cre-ver, etc.

     Dígrafos: duas letras que possuem a mesma representação fonêmica. Segue a lista logo abaixo com seus respectivos fonemas

ch - /x/
lh - /λ/nh - /η/sc - /s/
sç - /s/
xc - /s/
xs - /s/
rr - /R/
ss - /s/
qu - /k/
gu - /g/
Há também os dígrafos nasais:
am/an - /ã/
em/en -/ẽ/
im/in - /ĩ/
om/on - /õ/
um/un - /ũ/

     Atentem-se para não confundir dígrafos com encontros consonantais. A maioria dos dígrafos são encontros consonantais, menos qu e gu e há casos em que eles não são dígrafos, como por exemplo nas palavras qualidade ou Gustavo. Nessas duas não há dígrafos porque o som da letra u é facilmente percebida e soaria como /cua/ ou /gus/ nas primeiras sílabas.

     Sílaba é um grupo de fonemas pronunciados em uma só emissão de voz. Toda sílaba precisa conter no mínimo uma vogal. Alguns professores de educação básica costumam ensinar divisão silábica com batidas de palmas.

     A sílaba tônica é a mais forte em uma palavra e as átonas são as restantes, mais fracas. Para percebermos qual a mais forte, por vezes devemos pronunciá-la em voz alta ou mentalmente. Nas palavras acentuadas a tônica se torna mais evidente. Quando possuem acento circunflexo, não hesitem, a regra é a mesma. Exemplo: roMÂNtica.

Classificação quanto ao número de sílabas:

Monossílabas - uma sílaba;

Dissílabas - duas sílabas;

Trissílabas - três sílabas;

Polissílabas - quatro ou mais sílabas.

     Visualizem os trechos sublinhados: mono vem de uma, di vem de duas, tri de três e poli de muitas.

Classificação quanto à posição da sílaba tônica:

Oxítonas - última sílaba mais forte;

Paroxítonas - penúltima sílaba tônica;

Proparoxítonas - antepenúltima tônica.

      Vejam que o tamanho das palavras em destaque equivale aproximadamente ao tamanho da palavra definidora. A contagem é feita sempre de trás para frente, até mesmo em palavras cuja quantidade de sílabas ultrapassa três. O esquema que sempre faço em sala é o seguinte:

     Colocando a palavra nos quadrinhos os alunos percebem visualmente qual é a sílaba tônica e memorizam a sequência com o passar das aulas. No exemplo paralelepípedo, vemos que a palavra é proparoxítona.

Como diferenciar os Fonemas? (Parte 1)

     Entre as consoantes da Língua Portuguesa temos as surdas ou desvozeadas e as sonoras ou vozeadas. No caso das surdas, a corrente de ar passa pela glote sem provocar vibração nas cordas vocais, como nos sons /s/, /k/, /t/, etc. Já nas sonoras o contrário ocorre, há vibração nas cordas vocais provocada pela corrente de ar, facilmente percebida se pousarmos os dedos no pomo de Adão. São exemplos os fonemas /z/, /g/, /d/, etc. As vogais, durante a produção feita pelo falante, são fonemas que encontram passagem livre de ar.

     No estudo dos fonemas em sala de aula, o foco se dá na classificação dos fonemas, portanto, vamos nos atentar a isto:

     Encontro Vocálico: origina a distinção entre ditongos, tritongos e hiatos.
As vogais são fonemas cuja representação se dá pela força no encontro com outra vogal. A vogal mais forte é considerada a base da sílaba e atrai as mais fracas, chamadas de semivogais. Toda sílaba precisa de uma vogal forte e se tiver acompanhada de outra considerada semivogal por sua baixa intensidade, não pode, em uma separação silábica, ficar sozinha.

     Ditongos: encontro de vogal com semivogal. Percebemos, ao pronunciarmos ditongos, que uma das vogais é mais forte e o som da outra é mais baixo ou quase imperceptível em uma fala informal.
Exemplos: pai, água, saudade, boi, cárie, etc.

Nos encontros entre vogais, os ditongos se dividem em: crescentes, decrescentes, orais e nasais.
Crescentes: semivogal antes da vogal.
Decrescentes: vogal antes da semivogal.
Orais: produzidas quando o ar passa somente pela boca.
Nasais: quando o ar passa pelo nariz e pela boca. Podem aparecer com til sobre a vogal ou seguida de m ou n. Exemplos: mãe, criança.

Os ditongos orais podem ser abertos, quando o timbre da vogal é alto e a língua se acha baixa (/a/, /é/, /ó/), ou fechados, com o timbre baixo e a língua se eleva (/ê/, /ô/, /i/, /u/).
Exemplos de ditongo oral aberto: dieta, mandioca, glória.
Exemplos de ditongo oral fechado: vou, fiquei, partiu.
Obs: fiquei não é tritongo porque o u não é sonoro, apesar da divisão silábica ser fi-quei. Além disso, ele é considerado dígrafo, pois o qu tem som de /k/. Sobre tritongos e dígrafos, veremos a seguir.

     Tritongos: encontro de uma vogal e duas semivogais em uma mesma sílaba. Lembrando que a vogal é como um imã ou sustentáculo para as semivogais, portanto não se dividem.
Exemplos de orais: quais, enxaguei, apaziguou.
Exemplos de nasais: saguões, quão, delinquem.
Como podemos perceber, o som da semivogal u é audível, diferentemente do exemplo dado acima fiquei.

     Hiatos: encontro de duas vogais. A força das duas vogais não permite que elas fiquem na mesma sílaba, "elas brigam", como costumo dizer para os alunos. Ou como define Bechara (apud Niedermann) "a passagem da primeira para a segunda se faz mediante um movimento brusco, com interrupção da voz."
Exemplos: du-as, ca-í-da, en-jo-ar.

Introdução à Fonologia: Por que estudar a distinção entre Letras e Fonemas?

     A Fonologia é o estudo da representação dos sons em uma língua. Existe uma tabela fonética universal que trás os fonemas usados em todos os idiomas do mundo. No caso da Língua Portuguesa, o estudo desse conteúdo serve para que o aluno perceba as diferenças entre consoantes vozeadas e desvozeadas, além da divisão silábica, características mais evidentes para contribuir na alfabetização, entretanto, em produções textuais percebemos a falha ao compreender esse conteúdo, retomado novamente no primeiro ano do Ensino Médio. Esta se torna evidente na ortografia das palavras e na divisão silábica quando a escrita chega a margem da folha.

     Logo abaixo, a Tabela Consonantal de Língua Portuguesa e a Vocálica.

            

Fonte: http://fonticaarticulatria.blogspot.com.br/2011/05
/tabela-fonetica-consonantal.html

     O que seria um fonema? O fonema é a menor unidade emitida em uma palavra. Por exemplo, ao dizermos MENINO, pronunciamos todas as vogais e consoantes da palavra, portanto, o número de fonemas é igual ao número de letras (representação gráfica escrita) contidas nesta palavra. Algo diferente ocorre em palavras como HORA e ILHA. Na primeira temos 4 letras, mas não pronunciamos o H, sendo assim, o número de fonemas representa os sons que pronunciamos /ora/, 3 fonemas. Já na palavra ILHA temos o que nós chamamos de Dígrafo, que é um som simbolizado graficamente por duas letras e nesse vocábulo seria o LH. Na fonologia algumas duplas de letras simbolizam um som só. A palavra ILHA, então, tem 4 letras que são consideradas 3 fonemas /iλa/. Detalharei melhor sobre a contagem de letras e fonemas na próxima publicação.